Um dos legados das Olimpíadas do Rio de Janeiro, a ventosaterapia, caiu nas graças dos atletas de alto rendimento – e até dos esportistas amadores, pois ajuda a aliviar dores musculares. A técnica foi utilizada durante os jogos olímpicos nos nadadores Michael Phelps e Wang Qun, no ginasta Alex Naddour, e em lutadores de MMA, como Cícero Coutinho, tornando-a assim mais conhecida do público em geral.

Mas, o que poucos sabem é que a ventosaterapia não é nenhuma novidade. Relatos apontam que ela vem sendo usada há mais de 5 mil anos por povos árabes, asiáticos e africanos. Foram os chineses, entretanto, que a estudaram melhor e passaram a usá-la como uma das muitas alternativas de sua medicina tradicional.

Se a princípio as tais ventosas eram feitas de chifres de animais e de bambu e visavam tratar queimaduras de pele e picadas de cobras, hoje elas evoluíram para acessórios de vidro, barro e silicone que tratam várias condições musculoesqueléticas.

Como funciona

A ventosa é posicionada na pele do paciente, criando um vácuo temporário que suga a pele para dentro do acessório. “O princípio é deixar a ventosa ali por alguns minutos. Ela cria uma sucção que faz com que a pele se eleve e os tecidos conectivos e as fáscias, que porventura estejam enrijecidos, sejam distensionados”, explica a fisioterapeuta Ana Carolina Dutra, cofundadora da Clínica Vitalitè, especialista na aplicação da ventosaterapia.

O segredo da técnica milenar

A medicina tradicional chinesa aplica as ventosas em pontos específicos do corpo, chamados de meridianos. Eles acreditam que os meridianos são pontos de transferência de energia, quer dizer, quando estimulados geram a transmissão de energia ao longo de uma linha, atingindo os órgãos doentes. Muitos fisioterapeutas fazem uso do conhecimento dos meridianos na ventosaterapia. Outros, no entanto, vão direto às áreas que precisam ser cuidadas.

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Alguns especialistas chegam a fazer pequenas perfurações na pele antes de a ventosa ser colocada, para que haja extravasamento dos fluídos que carregam toxinas. “É bom lembrar que a tensão muscular gera um processo inflamatório na região e, com ele, são liberadas toxinas. Há um aumento do fluxo sanguíneo na área inflamada que pode levar alguns dias para sumir”, diz Ana Carolina.

Benefícios

Alívio das dores. Esse talvez seja o mais importante benefício da ventosaterapia e o motivo pelo qual os atletas recorrem a ela: dar alívio em dores musculares – costas, ombros e pescoço, por exemplo. “A região onde a ventosa é colocada recebe um fluxo de sangue que traz com ele nutrientes e oxigênio e leva embora toxinas e substâncias inflamatórias. Isso contribui para o alívio da dor”, relata Ana Carolina.

Outra vantagem da ventosaterapia é acelerar a recuperação de lesões. Qualquer lesão desencadeia um processo inflamatório que gera a produção de substâncias que vão reparar o tecido machucado. Segundo a fisioterapeuta, inflamação, na realidade, é sinal de que o corpo está trabalhando para se refazer da lesão, mas ela traz consigo dor. “O corpo geralmente responde tensionando ainda mais a musculatura. A ventosaterapia ajuda a desfazer as aderências e ‘nós’ musculares, promovendo o relaxamento muscular”, conclui a fisioterapeuta.