Reabilitação é a palavra-chave quando se trata de pessoas que sofreram um Acidente Vascular Cerebral (AVC). Isso porque algumas podem ter sequelas, dependendo da área do cérebro afetada. Segundo dados do Ministério da Saúde, o AVC representa a primeira causa de incapacidade no país, perdendo apenas para os acidentes de trânsito.

De acordo com o Ministério da Saúde, um ano após o primeiro AVC, a independência física (para 66% dos sobreviventes) e a ocupação (para 75% dos sobreviventes) são os domínios mais afetados. Uma parcela significativa das vítimas desenvolve alguns déficits motores que impactam nas atividades diárias.

“Casos mais graves de AVC chegam a comprometer inteiramente um dos lados do corpo, impedindo que a pessoa realize as suas atividades diárias, impactando assim no convívio social e na autonomia”, afirma a terapeuta ocupacional Carolina Torchi Daccache, da Clínica Vitalité.

Mas, os problemas motores não são as únicas sequelas do AVC. Fraqueza muscular, diminuição da cognição, perda de memória e depressão também podem aparecer nos pacientes. “Por isso, a reabilitação é muito importante para que o paciente tenha mais independência e possa retomar aos poucos suas atividades”, comenta Carolina.

Como a Terapia Ocupacional ajuda
A reabilitação de um paciente que sofreu um AVC é multidisciplinar, ou seja, envolve uma série de profissionais, como o médico, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional. A Terapia Ocupacional irá envolver o paciente em atividades que são importantes para ele com o objetivo de devolver a independência e a capacidade de fazer escolhas e tomar decisões sozinho, assim como melhorar sua participação social.

“Trabalhamos nas atividades da vida diária, que são aquelas de autocuidado, como tomar banho, escovar os dentes, vestir-se, comer e também as atividades instrumentais, que envolvem a resolução de problemas mais complexos e cuidados com o outro, assim como o trabalho, estudo, lazer e participação social”, explica Carolina.

“Se o paciente tem dificuldade de usar um braço, iremos treiná-lo para usar o outro. Caso a dificuldade do movimento seja maior, podemos usar equipamentos assistivos (dispositivos) para facilitar a tarefa. Esses equipamentos podem ser feitos pelo próprio terapeuta ou ainda podem ser comprados em lojas especializadas. Lembrando que em muitos casos essas adaptações podem ser temporárias e retiradas de acordo com a evolução do paciente.

Adaptação na casa
Outro ponto-chave é a adaptação da casa, de forma que o entorno se torne mais acessível. “Um dos nossos trabalhos é ir até a casa da pessoa e verificar tudo para que possamos promover adaptações e criar estratégias para que o paciente tenha ganhos no seu dia a dia.”

Orientação dos cuidadores
No início da reabilitação, o paciente pode precisar de um cuidador, por isso, essa pessoa também é envolvida no processo. “O auxílio deve ser reduzido aos poucos para que o paciente possa conquistar novamente sua autonomia e sua capacidade de autocuidado. É importante que todos sejam envolvidos no tratamento para um melhor resultado”, conclui Carolina.